Mais de quarenta dias se passaram. Estou bem melhor. Mudei de casa, já consigo me exercitar novamente e retorno a yôga semana que vem. Mas, ainda me lembro de G.. A sua não presença em minha vida é a primeira sensação a ser degustada quando acordo.
Aliás, não tenho dormido muito. Ontem acordei às 03:30h, hoje às 04:50h. Acordo como se alguém tivesse apertado ON numa máquina que não precisa esquentar. Minha cabeça já está a mil. Levanto, tomo banho, faço a barba, escrevo, leio um livro, corro; já acordo pronto.
Sexta-feira passada assim fiz. Como sempre pensando muito em tudo que vem ocorrendo. Às seis decido olhar pela janela, o inverno anda bem frio, abro a cortina para vislumbrar o tempo e melhor perceber o clima. De súbito vejo um táxi passando na rua. Dentro estava ele, pude ver claramente, trajando sua habitual camisa branca das sextas.
O destino é sórdido, qual o motivo de me propiciar tamanha coincidência? Poderia ter passado sem essa, pensei.
Amor, depois perda e saudade que se transmutou em indiferença e que agora cede espaço ao rancor. Não devo me sentir culpado por nutrir tal sentimento. Descartou-me de forma muito rápida e isto não perdoarei tão cedo.
Difícil afirmar especificadamente onde essa sua atitude me feriu. Meu orgulho é claro que foi ferido, mas a cumplicidade que existia entre nós foi massacrada, torturada e mutilada. Acreditava ser importante para ele como ele era para mim. Agora sei que estava enganado. Não sabia que eu era algo tão descartável.
G. me traiu de corpo e alma, como se quisesse me matar dentro dele. Mas, acabou também me matando um pouco dentro de mim mesmo.
Agora só me resta jogar a última pá de terra em cima do caixão que guarda o corpo deste amor moribundo. Mesmo ainda respirando deve ser enterrado, não merece viver, pois não sabe mais o que é. E assim farei.
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