segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SOU TANTA COISA


Sou tanta coisa...
Sou tão complicado. Sou tão simples. Sou tudo e sou nada.
Sou rueiro, sou caseiro, sou tímido, sou extrovertido, chego até a ser muito doido...
Sou como as estações do ano... Sou dia, sou Sol... Sou noite, sou Lua cheia, sou Lua Nova...
Sou Primavera, quando entrar Setembro...
Sou Outono... Folha que nasce... Sou vento forte que muda a paisagem...
Sou Verão... Sou campo, sou cidade, sou cachoeira e chapada, sou praia, sou casa com piscina...
Mas sou bem melhor se sou Inverno... Sou frio...Sou jaqueta, sou edredom macio, e, principalmente, sou meia nos pés...
Sou passado, sou presente e serei futuro.
Sou viagens, sou passeios, sou shopping, sou cinema, sou barzinho... Sou teatro e sou museu, sou casa de amigos, sou de dentro e sou de fora...
Sou cerveja gelada para depois ser água de coco...Sou coca com gelo e, por favor, SEM LIMÃO!!!!...Sou vinho, sou tônica, sou suco de laranja gelado e sem açúcar...
Sou amigo, sou desconfiado, sou teimoso, sou rabugento, sou sincero, sou insistente, sou engraçado, sou impaciente, sou palpiteiro... Sou bonzinho e também sou gente ruim... Sou criança e sou adulto.
Sou Raul, sou Beatles, sou Janis, sou Jim, sou Hendrix, sou Elvis, sou Elis, sou Ozzy e Sou Tim Maia... Sou Mutante(s), sou Novo(s) e sou Baiano(s), e também sou Seco(s) e sou Molhado(s)...Sou soul, sou jazz, sou Blues e sou MPB...SOU ROCK AND ROLL!!!!
Sou “Johnny vai a Guerra”, sou “Laranja Mecânica”, sou “LavourArcaica”, sou “Tempos Modernos”...Sou Fellini, sou Almodóvar, sou Tarantino, sou Woody Allen...Sou Antonioni e Bunuel.Sou Clarice, sou Buckowiski, sou Poe e sou Dostoiewisk  ...Sou ainda Foucault,...e mais do que qualquer um, sou Kafka... Agora sou também Nietzsche.
Sou “Germinal”, sou “Entre quatro paredes”, sou “1984” e “Admirável Mundo Novo”...Sou o “Alienista”, sou o “Anti-Cristo” e sou “Alice no País das Maravilhas”...
Sou Neo, sou David (AI), sou até mesmo o ET...Sou Dorian Gray, sou Kaspar Hauser, Sou Gregor Samsa e GH...
Sou Lilás, sou Branco, sou Verde, sou Preto, e de vez em quando, sou até Marron, mas sempre, sempre sou azul...
Sou calça jeans e camiseta, nunca sou chinelo, às vezes posso ser até sandália, mas também sou bota...Sou tênis, muito a contra gosto sou sapato...Sou apenas de meia velha e suja pisando no chão...
Sou óculos escuros, sou cabelo curto e sou barba por fazer...
Sou ar condicionado, sou ventilador, mas também sou vento, sou ar livre, sou natural...
Sou caminhar pela rua, sem parar, sem pensar, sem destino, sem lugar”...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DELÍRIOS: MEDOS


Hoje recebi uma ligação bem inesperada. Meu sobrinho, de 9 anos. Tão inesperada quanto a sua ligação foi o seu motivo: “Qual o seu maior medo?” - perguntou. Precisava elencar o medo de dez pessoas, trabalho de escola. 

Pensei um pouco antes de responder. Nada me via a mente. Não tenho medo de nada?! Constatei de forma indignada. Senti medo desta constatação, pouco saudável e bastante arrogante. Mas, para não deixa-lo sem resposta: “Tenho medo dos meus medos, acho que tenho fobofobia”, respondi. Ele riu, mas a aceitou de bom grado.

Percebo que todo esse processo que vivenciei há alguns meses me transformou numa pessoa mais forte. Sei que coisas piores podem acontecer do que um simples fim de relacionamento. Mas, “esse fim” e a dor  experimentada me fizeram vestir novamente uma armadura que há tempos não vestia. 

Gosto desta sensação de força. Como me sentisse pronto para quase todas as possibilidades, todos os acasos e fatalidades da vida. Não nego que sofreria em diferentes graus caso algumas delas viessem a ocorrer, mas tenho a convicção de que sobreviveria a muitas delas.

No entanto, a pergunta não mais me abandonou no resto do dia, até que, finalmente, eu descobri aquilo que para mim considero um bom medo. Tenho medo de ser velho. Não me refiro apenas à decadência do corpo, afinal envelhecemos a cada momento, morremos um pouco a cada respiração. Mas, ser velho, como sinônimo de obsoleto, isto sim me amedronta. Gostaria de estar mais preparado para este processo.

Pensando bem, constato que carrego comigo essa preocupação desde a tenra idade. Porém, com o meu envelhecer, percebi que nunca me senti tão velho como eu esperava estar. Lembro-me que aos 15 anos um cara de 33 já era um senhor, um velho, arcaico. Hoje, no entanto, já com esta idade me sinto até bem jovem. Chego a assumir que tenho ainda uma grande dificuldade de me ver como um adulto. Um tipo de Síndrome de Peter Pan.

Lembro-que aos 11 anos vislumbrava com respeito os alunos mais velhos. Deveriam ter 17 anos, alguns com barba e com porte físico já solidificado. Para mim eram homens adultos, senhores de si e do mundo, donos de todas as verdades; olhava-os com veneração. Até hoje, não consigo me ver como eles. Continuam sendo mais velhos do que eu. Meus 33 anos não ultrapassaram aqueles 17 e continuo tendo perguntas sem respostas.

Gosto desta sensação, mesmo sabendo que ela é uma farsa. Quiçá um subterfúgio anti-envelhecimento. Sei que não envelhecer fisicamente é algo impossível, e já me contento apenas em retardar esse processo e cooperar com o tempo e vitando alguns abusos.

No entanto, minha alma, esta eu espero que não envelheça jamais. Gostaria de nunca me envelhecer para a dinâmica da vida e para os novos processos sociais. Pois sei que existem infinitas possibilidades de transformações que ainda nem vislumbramos. Gostaria de nunca ser ultrapassado. Gostaria de nunca me envelhecer para o mundo.